Sem um acordo que satisfaça os trabalhadores do Frigorífico Marfrig nesta campanha salarial em Porto Murtinho, a greve, que começou no último dia 10 de março, entra em seu oitavo dia sem que uma solução seja apresentada pela empresa para o impasse. Os trabalhadores estão intransigentes e garantem que só retornarão ao trabalho após a empresa atender minimamente sua pauta de reivindicação.
Representados pelo Sindmassa-MS, presidido por Fábio Bezerra, os trabalhadores da planta de Porto Murtinho resolveram cruzar os braços rejeitando o índice de reajuste proposto pela empresa, que ficou muito abaixo da expectativa da categoria, que por três anos consecutivos tem feito um esforço, no sentido de ajudar a empresa no custo benefício, que sistematicamente vem ameaçando encerrar suas atividades na cidade, caso um acordo não lhe seja favorável. Cansados desta ladaina, os trabalhadores resolveram este ano, exigir uma justa remuneração pelos significativos lucros que têm proporcionado à empresa.
Desde o início da greve no dia 10 de março, mais de 2000 (dois) mil bois deixaram de serem abatidos em função da recusa dos trabalhadores em entrar para executar o serviço, acumulando com isso prejuízos estimados em aproximadamente 5.000.000,00 (cinco milhões de reais). A postura intransigente da direção do Marfrig em continuar explorando àquela mão de obra de qualidade, criou um impasse que não vislumbra solução para curto prazo. Desta forma, toda produção prevista para o mês de março do Marfrig naquela região fica comprometida enquanto não for concluída as negociações com a categoria.
Com data-base em março, os trabalhadores do Marfrig de Porto Murtinho sentiram-se preterido pela comissão negociadora do frigorífico em função dos índices conquistados pelos trabalhadores da mesma empresa nas plantas de Paranaíba e Coxim no Mato Grosso do Sul e Mineiros de Goiás, mesmo apresentando uma eficiência muito superior na produção aos demais.
Além de conviver com uma situação inexplicável de ter o mesmo serviço sendo remunerados por um salário considerado satisfatório nas plantas em Coxim e Paranaíba no MS e em Goiás, os trabalhadores da planta de Porto Murtinho enfrentam ainda uma situação análoga ao trabalho escravo em função da jornada diária e das múltiplas atividades que são obrigados a executarem com pouco pessoal e ainda sem receber o adicional de insalubridade. Para impor essa situação, a empresa pressiona seus trabalhadores alegando estar operando no vermelho e ameaçando encerrar suas operações na cidade caso não consiga fechar um acordo coletivo de trabalho que possa continuar operando na região, uma desculpa que perdura por anos e que não convence mais os trabalhadores, muito menos o sindicato nesta campanha salarial.
A manjada desculpa do custo-benefício há muito tempo caiu por terra, ao se verificar os lucros auferidos na planta de Porto Murtinho em função da eficiência de seus trabalhadores, que executam a mesma tarefa de outras plantas com a metade do efetivo, portanto, não sendo justo que na hora de remunerar dignamente esses trabalhadores, os índices oferecidos continuem sendo menores em relação às demais localidades.
Trabalhadores e sindicato continuam esperando por uma posição da empresa para voltar ao trabalho, mas mantém uma posição intransigente de que é preciso avançar nesta campanha salarial. Não é concebível uma empresa remunerar de forma diferenciada os trabalhadores no mesmo Estado e com o agravante de que os profissionais de Porto Murtinho tem se mostrado mais eficientes, proporcionando que a planta do Marfrig naquela região tenha um lucro maior e mesmo assim insista em explorar o trabalhador com baixa remuneração e poucos benefícios.
Veja o vídeo da greve em Porto Murtinho